Cinthia Gonzaga atuará na própria clínica em 2017
CRIS OLIVETTE
O consultor e diretor da Vecchi Ancona – Inteligência Estratégica, Paulo Ancona, acredita que 2016, na melhor das hipóteses, terá um primeiro semestre tão difícil quanto 2015. Mesmo assim, muitas pessoas estão se preparando para empreender neste primeiro trimestre. As irmãs Vanessa e Daniela do Valle de Carvalho estão nesse time. Com contrato assinado, esperam inaugurar a primeira unidade franqueada da Terra Madre – Orgânicos e Saudáveis até março, na capital de Goiás.
Por problemas de saúde, Vanessa deixou de ser professora há um ano. “Pensando em uma nova atividade, pesquisei a área de produtos naturais e orgânicos. Vi que esse mercado se mantém crescente mesmo no cenário atual e decidi investir no segmento. Na mesma época, soube que a Terra Madre estava se tornando franqueadora e me candidatei, porque já era cliente da marca.”
Ela está com esperança, apesar da situação do País. “Por ser franquia fico mais segura”, afirma. Vanessa investiu R$ 240 mil e espera, a partir do sexto mês, passar a ter retorno, e em 12 meses recuperar o capital.
“O sistema de franquias, segundo a própria Associação Brasileira de Franchising (ABF), trabalha numa faixa descolada do PIB. Tanto que fechamos 2015 com PIB negativo, enquanto os dados da ABF apontam crescimento de 10% em termos da faturamento do franchising, o que é bastante relevante”, alega Ancona.
Ele lembra que o franchising cresceu 12%, quando o País teve PIB zero. “E quando o PIB foi 2%, o franchising cresceu 15%. O que demonstra um descolamento do sistema de franquias da economia real do País.”
Ancona diz que o crescimento do faturamento se dá por algumas razões. Uma delas é que em momento de crise, muitos executivos perdem o emprego e optam por investir em negócio próprio. “Outra razão é que o sistema e as marcas vão ganhando mais credibilidade. Shoppings gostam de ter redes franqueadoras e o público, de comprar de marcas conhecidas.”
A terceira razão apontada pelo consultor é o fato de cada vez mais segmentos diferentes enxergarem no sistema de franquia uma forma de abrir outros canais de vendas. “A diversificação só aumenta por ser uma forma de crescer com capital de terceiro e de divulgar a marca pelo País. Em 2014, foram abertas mais de 300 marcas novas, em 2015, cerca de 200.”
Todas as fichas. Quem também está apostando no segmento de franquia como forma de empreender com segurança é Valdecir Gonzaga. Ele está reformando o ponto para inaugurar unidade da rede Ortoplan – Especialidades Odontológicas.
“Vamos começar a funcionar até março. Teremos quatro profissionais contratados. Cinthia, minha filha, termina a faculdade de odontologia no final do ano. Estou montando a estrutura para ela exercer a profissão no local a partir de 2017.”
Segundo ele, criar um consultório independente seria complicado. “Faltaria método para tocar o negócio. Com franquia é diferente. O modelo já foi testado e ela terá apoio do franqueador, sem falar no reconhecimento da marca no mercado.”
Gonzaga investiu R$ 200 mil, valor que inclui capital de giro, compra de equipamentos e reforma do ponto. “Acredito bastante no negócio. Flávio, meu filho, formado em publicidade, vai cuidar da gestão e administração da unidade, pelo menos no primeiro ano.”
Cinthia está confiante. “Ao concluir a faculdade poderei trabalhar em minha própria clínica e ainda terei o respaldo de uma empresa conceituada, que adota método com padrão de eficiência consagrado. Isso tudo vai facilitar o meu ingresso neste concorrido mercado.”
O diretor da Vecchi Ancona adverte que mesmo quem escolhe uma marca consolidada, deve ter cuidados para operar no mercado em recessão. “Dependendo do segmento, a recessão pode ser ainda maior. O franqueado deve ficar muito atento à situação do mercado e à resposta que o consumidor está dando, além de ficar de olho no que os concorrentes estão fazendo”, recomenda.
Ancona lembra que o franqueado não tem liberdade para inventar muito, mas cabe à franqueadora ter bom senso e receber de coração aberto as propostas dos franqueados. “Nesse momento, o franqueado é parte integrante muito mais ativa e importante do que se o mercado estivesse estável”, afirma.
Rafael Sasdelli resolveu investir no segmento de franquia porque sabe que poderá contar com o suporte necessário para trabalhar. “Primeiro, fiz pesquisas para definir em qual ramo de atividade empreender, e escolhi o de tecnologia. Em seguida, pesquisei para escolher a marca”, diz. A eleita foi a SMS Digital, empresa de consultoria e comunicação via SMS, com foco em pequenas e médias empresas, criada em 2012.
“Vou inaugurar minha unidade até o final do mês. Estou bastante otimista porque vou trabalhar com uma marca que oferece soluções exclusivas para pesquisas, relacionamento com o cliente e divulgação de informações via SMS. A velocidade da informação está tornando indispensável que as empresas mantenham contato por meio digital com clientes.”
Empreendedores contam como avaliaram a marca
Marcos Paulo Carvalho, de 25 anos, era executivo de marketing até resolver empreender no segmento de franquias. “Para alguém que como eu está iniciando um negócio próprio, considero o segmento como uma oportunidade certa, afinal, com a franquia tenho acesso a um modelo já formatado.”
O jovem conta que inaugura sua unidade da Acqio Franchising – marca que atua no segmento de meios de pagamento eletrônico – em São José do Rio Preto ainda neste mês. “Meu sócio e eu realizamos pesquisa minuciosa online sobre a empresa e só depois entramos em contato com o pessoal da Acqio.”
Segundo ele, seu sócio trabalhava com vendas. “É importante que as pessoas tenham afinidade não só com o segmento escolhido como com sua área de atuação. Afinal, é melhor trabalhar com o que nos dá prazer.”
O empresário conta que a rede Acqio vende as maquininhas de pagamento eletrônico Acqio Payments. “Prevemos a venda de 80 equipamentos nos quatro primeiros meses de operação. Nesse período, estimamos faturar cerca de R$10 mil.”
Experiência. O franqueado da Gigatron, Adilson Palmas Fortes, de 39 anos, escolheu a marca de microfranquia com atuação nos seguimentos de software de gestão e certificado digital, e que permite trabalhar no modelo home office, porque já tem experiência como gestor em uma empresa de software.
Fortes diz que antes de bater o martelo, conversou várias vezes com franqueados e franqueadores. “Esse respaldo nos oferece maior segurança no investimento, mesmo sendo uma microfranquia temos de avaliar cuidadosamente porque ninguém quer perder dinheiro.”
Fonte: Estadão