Segundo especialistas, empresa deve estar pronta para ouvir seus funcionários e entender o que eleva o seu nível de comprometimento, mesmo em tempos de crise

Que a crise foi um dos principais assuntos de 2015, não é novidade. A cada dia, os impactos de uma economia instável, somados a consumidores mais cautelosos, fazem com que muitas organizações atravessem momentos de dificuldades financeiras. Em meio a um cenário coberto de incertezas e limitações, manter uma equipe motivada nem sempre é uma tarefa fácil. Para a analista de recursos humanos da Magnus Consultoria, Ana Paula Wolfram, a empresa deve estar pronta para ouvir os colaboradores e entender o que os motiva. “Manter a equipe focada é mais um desafio para os gestores no próximo ano. É importante que as empresas mantenham um diálogo, até mesmo para avaliar o nível de comprometimento e os sonhos de cada um”, destaca. De acordo com o professor de graduação e pós-graduação da Universidade Santa Cecília – Santos/ São Paulo (Unisanta/ SP) Ari Brito, o primeiro passo é conhecer a equipe, de preferência cada pessoa. “A partir daí, entender a necessidade de cada, porque cada pessoa tem um gatilho diferente quando se trata de motivação. Muitas vezes uma pessoa foca em ganhar dinheiro, e neste caso, dar prêmios e comissões maiores motiva. Outros, no entanto, preferem ser valorizados profissionalmente, como reconhecimento na equipe, promoções e coisas assim”, explica. Traçar metas desafiadoras, bem claras para todos e que precisem da integração do grupo para alcançá-las é um bom começo. Um bom líder inspira as pessoas ao seu redor com atitudes. “Tratar o time com respeito, reconhecer o trabalho de cada um é inspirador. Acima de tudo, reconhecimento. As pessoas adoram ser valorizadas na equipe, e isso faz toda a diferença”, afirma o consultor. Ainda segundo ele, as vezes as pessoas estão desmotivadas achando que ‘perderam a mão’ que não são mais capazes de fazer bem o que faziam, mas precisam entender que o mundo mudou, e vai continuar mudando. “O que muitos entendem

por uma crise econômica é efeito de uma mudança da sociedade e o profissional que não estiver ligado nisso vai desaparecer. Então, um dos passos para se manter alinhado e motivado é perceber quais são as verdadeiras mudanças no seu negócio e no mundo”, afirma. Na visão da diretora da Legado Consultoria e Comunicação e especialista em liderança e gestão de pessoas, Pauline Machado, um dos pontos primordiais para que a equipe esteja motivada é que a empresa conheça seus pontos fracos e fortes. Não somente do grupo, mas, sobretudo, conhecendo as características, necessidades e competências de cada um. “É claro, que nem sempre o gestor conseguirá agradar a todos, mas há de se ter bom senso para chegar o mais perto disso. No entanto, só é possível fazer isso, estando próximo dos membros da equipe, conhecendo seus anseios, sua opinião sobre a gestão, sobre a empresa, sempre mantendo um relacionamento franco, aberto, em que todos possam ganhar – empresa e funcionários”, relata. Outro ponto colocado pela consultora é mostrar onde o funcionário se encaixam dentro da estrutura organizacional. “O empregado precisa compreender a importância do trabalho deles para a empresa na qual trabalham. Mostrar como em um passo a passo onde entra a relevância do seu trabalho, facilitará a compreensão da sua importância dentro da empresa. Fará compreender que quando ele, por algum motivo falhar, o quanto isso afetará todo o pro

cesso da empresa. Além do que, ter esta total compreensão motiva o funcionário”, indica. Para ela, uma boa estratégia é tirar uma manhã, ou um fim de tarde e fazer uma dinâmica em que um possa vivenciar o dia a dia do trabalho do outro. “Dessa forma será possível experimentar os ônus e bônus de cada um. Muitas vezes reclamamos do nosso trabalho ou dizemos que o colega é acomodado, que fica tudo nas nossas costas, e, a partir da troca, será possível reavaliar nossas circunstâncias e a dos nossos pares, superiores e até os que realizam atividades tidas como menos relevantes que a nossa.Por isso a experiência de se colocar no lugar do cliente é interessante”, completa.

Prática

O chefe de cozinha e consultor em gastronomia da Casa Cavé, Alfredo Oliveira Galhões, diz que para inspirar uma equipe primeiramente é necessário ter a consciência de que trabalhamos com pessoas com necessidades, problemas, ansiedades e objetivos diferentes. “Procurar compreender os membros da sua equipe é fundamental, além de deixar claro que nos solidarizamos e estamos sempre dispostos a escutá-los”, sugere. Ele conta que através de reuniões frequentes com os colaboradores, a autoestima e o potencial criativo dos funcionários são fortalecidos. “Escutar a equipe é fundamental. Motivar a equipe é importantíssimo, mostrar que mesmo as funções mais rotineiras podem ser aperfeiçoadas graças a competência de

cada um, que a equipe tem criatividade e valor suficiente para sempre se superar”, diz ele. Outro ponto colocado por ele, é apontar e comentar quando um participante da equipe se destaca, traz um elemento novo, uma forma nova de trabalho que influenciará positivamente no negócio. “Deixar claro que buscamos lideranças e estamos abertos para o crescimento de cada um, apoiando seus anseios. Cumprir os prazos de pagamento, promessas de comissões e prêmios é fundamental para que as partes tenham credibilidade gerando confiança mútua”.

Envolvimento

Segundo a diretora da clínica de estética Onodera de Niterói, Rejane Petacci, envolver a equipe no dia a dia da operação de forma pró-ativa é fundamental para que o empregado se sinta motivado. “Mostrando que eles são parte fundamental para o sucesso da empresa. Sempre ressaltar os casos de sucesso e fomentar a melhoria continua de como se pode fazer diferente e melhor. Desenvolver campanhas de incentivo ao longo do ano”. Outro ponto, é o reconhecimento por parte das clientes. “Nós dispomos atualmente de relatório de índice de satisfação de clientes, ranking de performance da unidade, convenção nacional de premiação para os melhores profissionais da rede, entre outros. É sempre bom para a equipe ver que está se desenvolvendo”, conta. Ela conta que ao longo do ano a empresa desenvolveu campanhas de incentivo para os funcionários. “Agora neste momento convidamos as funcionárias para participarem de uma programação de semanas para redução de peso focado em uma alimentação mais saudável e atividades físicas. “É interessante que estamos aplicando este mesmo programa para as nossas clientes e o fato das funcionarias estarem vivenciando o programa promove um maior engajamento e motivação. Outra ação que faremos este mês é oferecer as nossas funcionárias um ensaio fotográfico. Fizemos esta mesma ação para as nossas clientes no mês de Dezembro e o resultado foi muito positivo”, ressalta a diretora.

Pessoa certa no local certo é o segredo

Na visão do fundador da rede de franquias Ortoplan Especialidades Odontológicas, Faisal Ismail, para se manter uma equipe motivada, o princípio é ter esclarecido para as pessoas qual o norte da empresa. “ Com isso  muito claro e as pessoas certas nos lugares certos, o rendimento será muito maior”, afirma. Segundo ele, ter uma equipe capacitada e confiante depende muito do seu ingresso dentro de um negócio. “Para isso, utilizamos na rede alguns vídeos de treinamento, apostilas de capacitação e uma filosofia bem simples e prática, que é o colaborador da mesma função orientá-lo para que ele capacite no seu dia a dia”, explica. Na opinião do diretor de operações da Raffcom Full Service de Brusque, especializada em comunicação e inteligência digital, Júnior Beltrão, um líder antes de ser

respeitado, deve ser admirado pelos profissionais que coordena, o respeito será consequência disso. “Quando se tem admiração da sua equipe, o líder inspira pelo posicionamento coerente nas ações executadas (e resultados adquiridos). “Acredito muito que um bom líder precisa conhecer tudo sobre o fluxo de processos que gerencia, pois para saber pedir, é necessário saber fazer”. Segundo ele, as pessoas são diferentes e devem ser tratadas de maneiras diferentes também. Um líder precisa saber como conduzir seus liderados de maneira singular, e saber até onde seguir com cada um deles. “Um profissional sem as ferramentas necessárias e treinamentos constantes, será um apenas um profissional. Mas as empresas precisam de “bons profissionais” e ferramentas e treinamentos são indispensáveis”. (N.S.)